Herança de estrangeiros no Brasil: aspectos jurídicos e desafios

Madea Bandor
Madea Bandor
Eduardo Augusto da Hora Gonçalves

A globalização e a mobilidade internacional têm levado cada vez mais pessoas a viverem fora de seus países de origem. Com isso, como explica o Dr. Eduardo Augusto da Hora Gonçalves, é comum que estrangeiros venham a falecer em território brasileiro, deixando bens e propriedades para trás. Nesse contexto, surge a questão da herança de estrangeiros no Brasil, um tema que envolve aspectos jurídicos complexos e desafios a serem enfrentados. Leia o artigo completo: 

Aspectos jurídicos:

No Brasil, a herança de estrangeiros é regida pelo Direito Internacional Privado e pelo princípio da nacionalidade. Em geral, a legislação brasileira respeita a vontade do falecido estrangeiro quanto à sucessão de seus bens, desde que essa vontade seja expressa em testamento válido. Portanto, é fundamental que os estrangeiros residentes no Brasil estejam cientes das leis locais e das possibilidades de planejamento sucessório para garantir que seus desejos sejam cumpridos.

No entanto, segundo Eduardo Augusto da Hora Gonçalves, quando não há testamento ou quando a vontade do falecido não é clara, é aplicada a lei brasileira de sucessões. De acordo com o Código Civil brasileiro, a sucessão legítima é determinada pela ordem de parentesco, seguindo um conjunto de regras que estabelecem a proporção da herança a ser distribuída entre os herdeiros.

Desafios:

A herança de estrangeiros no Brasil pode enfrentar alguns desafios. Um deles é a existência de diferentes sistemas jurídicos ao redor do mundo. Cada país possui suas próprias leis de sucessão e regras específicas, o que pode levar a conflitos de jurisdição e interpretação. Nesses casos, é necessário recorrer a mecanismos de cooperação internacional, como a Convenção de Haia sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças, que trata de questões de jurisdição e reconhecimento de sentenças estrangeiras.

Outro desafio lembrado pelo advogado Eduardo Augusto da Hora Gonçalves, formado pela FAAP – Fundação Armando Álvares Penteado, está relacionado à língua e à cultura. A interpretação de documentos legais e o entendimento das disposições testamentárias podem ser dificultados quando o falecido não deixa um testamento em língua portuguesa ou quando há termos jurídicos específicos desconhecidos pelos herdeiros estrangeiros.

Além disso, a burocracia e a lentidão do sistema judicial brasileiro podem representar obstáculos adicionais no processo de herança de estrangeiros. A tramitação dos procedimentos legais pode ser demorada, resultando em atrasos na distribuição dos bens e na resolução de questões relacionadas à herança.

A herança de estrangeiros no Brasil é um assunto complexo que envolve diversos aspectos jurídicos e desafios práticos. Para Eduardo Augusto da Hora Gonçalves, é importante que estrangeiros residentes no país estejam cientes das leis locais e possam contar com assessoria jurídica especializada para planejar sua sucessão de forma adequada. Além disso, o aprimoramento da cooperação internacional, o desenvolvimento de mecanismos mais eficientes para lidar com casos de herança transfronteiriça e a simplificação dos procedimentos burocráticos podem contribuir para uma resolução mais ágil e justa dessas questões.

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